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Foto do escritorJosé Augusto Albino

Microsoft passa de Fase com a Aquisição da Activision

Atualizado: 9 de fev. de 2022

Nesta terça, dia 18, foi anunciada a aquisição da Activision Blizzard por cerca de US$ 70 bilhões em cash, na maior operação de aquisição da história da indústria de games e uma das maiores de todos os tempos em geral. Por motivos muito diferentes, a operação faz todo o sentido estratégico para ambas as empresas, e deve colocar de cabeça para baixo todo o mercado de games!

No lado da Activision, o movimento foi puramente defensivo. A empresa vinha dominando as manchetes negativas do setor, com sucessivos escândalos de assédio sexual e fatos assustadores de uma cultura corporativa tóxica. Mesmo com diversos pedidos de desculpas, desligamento de executivos, a empresa vinha sob forte pressão, com ameaça de greves, centenas de funcionários pedindo demissão, processos e investigações do governo. Os fatos já começavam a afetar diretamente o business, que na última apresentação de resultados anunciou que vai atrasar o lançamento de vários jogos, notadamente por falta de pessoas e baixa produtividade. As ações chegaram a somar mais de 40% de queda desde o início das denúncias e cada vez mais pressão para a saída do CEO. A venda para a Microsoft se tornou uma saída honrosa (e muito lucrativa...) para os acionistas que cada vez mais desacreditavam que a empresa poderia fazer o turn around.

Do lado da Microsoft (dona do Xbox, e de alguns estúdios de games) o movimento torna a empresa no terceiro maior player da indústria, apenas atrás da Tencent (China) e da Sony (dona do Playstation), e aqui está o grande jogo! O Xbox vem perdendo espaço ano após ano contra o PS no mercado de consoles de alta performance, tanto por aspectos de efeito de rede (PS saiu na frente nas disputas online), mas também por questões de conteúdos, onde jogos exclusivos tem se mostrado um grande diferencial para a Sony.


É exatamente neste campo que a Microsoft deseja virar a partida: no início do ano a empresa concluiu a aquisição da Bethesda por US$ 7,5 bilhões, levando para casa franquias como Doom, Fallout e outros. Agora com Call of Duty, Warcraft, Diablo e outros, a Activision o portfólio de jogos que devem virar exclusivos para Xbox vai disparar e incluir algumas das maiores franquias da história da indústria.

O caminho natural para a Microsoft é ou tornar estes jogos exclusivos para Xbox, mudando a balança de decisão dos gamers na hora da compra do seu próximo console, ou incluir estes jogos no seu serviço Game Pass, um “Netflix” de games onde os assinantes podem jogar diversos jogos. Em ambos os cenários, a força financeira da Microsoft pode trazer um game over para o restante da indústria, quando no auge de seus US$ 88 bilhões de EBITDA no último ano, a empresa pode abrir mão e receitas de curto prazo (venda dos jogos para donos de Playstation) para alavancar seus negócios de longo prazo, tanto da nova geração de consoles como o serviço de assinatura.

Sem dúvida a Microsoft passou de fase e arrastou junto toda a indústria de games, que terão que se movimentar para evitar o game over. No anúncio da operação, as ações da Sony caem 7%, enquanto todas as outras desenvolvedoras de jogos (Nintendo, EA, Ubisoft...) estão tendo altas significativas, mostrando que a corrida por jogos de qualidade deve ser acelerar, trazendo uma consolidação do setor, com todos discutindo qual será o próximo alvo da Microsoft ou da Sony. É o início da próxima fase, e muita luta, tiro e disputa vai acontecer nos próximos anos, mas uma coisa é certa, o Chefão desta fase se chama Microsoft, cujo valor de mercado é maior do que todas as outras participantes juntas! Boa sorte aos jogadores!


F=ma

 





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